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FOME

Eu tenho a impressão de que só começamos a querer melhorar as coisas na vida quando sabemos que ela pode ser melhor.
 Isso é bom ou ruim? Acho que pode ser os dois. 

Ruim porque se olhamos apenas para o que poderia ser, esquecemos de viver o único  momento que existe que é o agora. Mas querer uma vida melhor é bom porque quando sabemos que algo pode ser melhor, começamos a sair da acomodação onde o tédio é o primeiro estágio e a depressão talvez o último.

Por exemplo, será que se perguntarmos para a maioria dos brasileiros se eles gostam do Brasil, eles vão responder que sim,  ou que não?  A maioria dos brasileiros está feliz com o país hoje?

Por tudo o que tenho visto, eu diria que sim. O brasileiro em sua maioria está feliz com sua situação de vida neste país.  Ou se não está, acha que isso é o melhor que merece.  Muita falta de auto-estima? Ou sabedoria exemplar onde não interessam as misérias da carne, vamos manter a paz interior?
Acredito que seja o primeiro caso. Mas porque ele quereria mais?

Como pode uma pessoa que não conhece uma boa biblioteca pública, desejar morar perto de uma, ou numa cidade que possua uma?

Como querer um hospital limpo e equipado, se nunca se viu algum?
Como querer um casamento de afinidade e prazer, se nunca se viu nenhum?
Como melhorar nossa vida se lá no fundo uma voz potente, mas esconda diz:
“Isso é o melhor que você pode ter.” 


Como melhorar minha vida se eu nem sei o que eu quero?

Uma vez, durante uma sessão de terapia com uma paciente de um hospital psiquiátrico que foi diagnosticada com depressão, perguntei:
- “O que você gosta de fazer?”   
De cabeça baixa, mirando o chão mas com o olhar voltado para o nada ela respondeu:
-“ Gosto de passar roupa, lavar....”  
Eu insistentemente querendo achar uma fonte de prazer na moça, reforcei:
-“ E o que mais você gosta de fazer?” 
Novamente, de cabeça baixa e olhar retrogrado respondeu conformada:
- “Acho que é só isso que eu gosto de fazer;  lavar, passar..."

Ela não conhecia outro prazer, ou não se lembrava, ou não conseguia lembrar.
O fato é que ela estava sem fome. Algo a fez perder a fome, perder a vontade de viver.

Eu pergunto de onde vem a falta de fome e uma resposta pode ser o sentimento oculto de inferioridade.
Eu não sou digno de.
Mas será que  não sou mesmo? Será que meus motivos são "justificáveis"?
Será que para eu ser merecedor, preciso algo além do que já sou?
Este é um longo assunto, mas vou terminar concluíndo:

Para melhorar nossa vida, é preciso ter fome de mudança.
Além da fome é preciso saber qual é o desejo, qual é a direção e o objetivo.
E além de tudo isso, o velho e conhecido amor próprio, ou se não for amor, que seja pelo menos, respeito.


EMOÇÕES À TONA


As emoções humanas que partem do nosso núcleo infantil precisam ser afloradas para serem reajustadas.
Elas precisam vir a tona, precisam se manifestar. Toda raiva, ressentimento, medo, precisa receber uma novo significado. Nenhuma emoção humana aparece do nada, nenhuma emoção humana não tem uma lógica sistemática que a  fundamenta. Perceber as emoções e buscar o que dizem, perceber  pensamentos associados a elas, é crucial para um processo de crescimento interno. Muitos adultos carregam este monte de emoções, agem a partir delas, estragam relacionamentos e nem sabem o que está realmente acontecendo.

Exemplo:

Conversa vem, conversa vai, está tudo bem até o momento em que a mãe de Maria  fala algo que a fere como uma flechada no peito. Da parte da mãe, não se sabe até que ponto ela quis ofender Maria e se realmente o quis. Da parte de Maria,  aquelas palavras a levaram imediatamente, como que em túnel do tempo,  para um sentimento de incompetência e desaprovação. Um sentimento só dela e criado por ela. Sua reação foi interromper a  conversa, pegar a chave do carro e sair  largando a bolsa para trás e cantando o pneu prometendo não voltar tão cedo. Esta emoção continha um pensamento por trás que era: "nunca serei reconhecida pelo meu valor. Nada do que eu faço está certo"  . Este pensamento partiu do núcleo infantil que se sentiu ameaçado e precisou se defender - fugindo.

Quando se sabe se o que está ocorrendo internamente, quando se conhece estes núcleos com alguma familiaridade, podemos mudar o curso dos acontecimentos. Podemos acionar o adulto interno com toda a sua criatividade e tranquilidade para lidar com a mesma situação. O adulto a frente, tem muitas alternativas: duas delas poderiam ser 1. continuar a conversa sabendo que aqueles sentimentos são apenas de uma parte sua e não são reais em sua totalidade, 2. perguntar à sua mãe se realmente está havendo alguma desqualificação de sua parte.
 A conversa com o foco objetivo nos sentimentos e pensamentos correspondentes, promove proximidade e clareza. É preciso boas doses de honestidade e coragem!

A CRIANÇA EM AÇÃO

 A CRIANÇA INTERNA DE CADA ADULTO QUER A MESMA COISA:  


PROTEÇÃO, ATENÇÃO, AMOR, ACEITAÇÃO, 
BONS SENTIMENTOS, RECONHECIMENTO 


Uma parte de  nós que temos que conhecer é a criança interna. Apesar de sermos adultos, existe um núcleo com memórias e emoções infantis em todo ser humano.

Devemos conhecê-lo porque ele é muito atuante em nossa vida.  É ativo, vivo,  tem impacto constante sobre nossas escolhas.  A criança interna tem necessidades diferentes das necessidades do adulto, tem medos e aspirações diferentes. Se tudo fica misturado, nos perdemos e podemos ter consequências negativas.



Um exemplo pessoal: 


Quando eu era criança, vivia numa casa com 3 irmãos. Eu era a única menina e acreditava que ser menina era ruim. Ser menina era sinônimo de fraqueza, fragilidade, dificuldades (fazer pipi na estrada em pé era uma das maiores vantagens). Por isso em vez de fazer balé e outras coisas de menina, fazia judô. Tudo bem menina fazer judô, mas eu não fazia porque gostava, fazia porque queria ser igual aos meus irmãos, queria me sentir do mesmo clã.

Outras associações que eu fazia : para ser ouvida tenho que gritar, para me defender tenho que atacar, para fazer parte desse grupo, não posso ser eu mesma.

Enquanto essas associações permaneceram em minha vida, tive muitos problemas. Aliás, não é algo que se "tira com a mão", mas que se reforma ao longo da vida.   A verdade é que para ser ouvida, não tenho que gritar, para me defender não tenho que atacar, para fazer parte desse grupo, posso ser eu mesma. 


Imaginem o quanto estas associações errôneas estão presentes em nossas vidas, nas famílias, nas escolas, nas organizações?


Para saber um pouco quando estamos agindo a partir da criança, uma dica são as emoções. Uma reação emocional muito forte, fora de contexto, exagerada, indica que este núcleo infantil está em ação por algum motivo. Existe alguma razão, alguma lógica interna, alguma associação infantil para ser reconhecida e reajustada. 




LIVRO INDICADO: O CAMINHO DA AUTO-TRANSFORMAÇÃO DE EVA PIERRAKOS